Material de Campanha 1996 II

Esse material de campanha (1996) é interessante, pois traz já a disputa com a Chapa 1, encabeçada por Odair Sass e denominada Consolidação Nacional. Esse material foi divulgado em São Paulo.

“Com satisfação recebemos a notícia de que Ana Mercês Bahia Bock -Diretora da Faculdade de Psicologia da PUC-SP e Odair Furtado – Chefe do Departamento de Psicologia Social- estão se candidatando, na Chapa 2, para o Conselho Federal de Psicologia. Pelo que conhecemos desses colegas temos a certeza de que farão pela categoria dos psicólogos um trabalho tão bom quanto aquele que fazem pela formação dos psicólogos e nas atividades que abrem nossa Universidade para a prestação de serviços à sociedade”
Fernando J. Almeida
Vice-Reitor Acadêmico da PUC-SP

AS DUAS CHAPAS NÃO SÃO IGUAIS

Alarmados com algumas situações que temos vivido, na última hora sentimos a necessidade de alterar o texto que pretendíamos inserir neste espaço. Ocorre que o processo de democratização de nosso Conselho está sendo vilipendiado por procedimentos de alguns colegas que compõem a Chapa l. Infelizmente, vamos precisar tratar desse assunto nesta hora.

Nossa primeira discordância, que nos constituiu como oposição, referia-se ao método de direção com que a chapa 1 está comprometida, incompatível com uma entidade que quer se colocar como referência da categoria para os psicólogos na sociedade brasileira. Os colegas não investiram na mobilização da categoria para o II Congresso Nacional e para as eleições; divulgaram o edital das eleições nacionais apenas uma semana antes da data das inscrições das chapas. Esses procedimentos impediram que muitos psicólogos participassem do processo de discussão da profissão e que se organizassem chapas para concorrer às eleições.

Agora, a diferença aparece na perspectiva ética de construção do processo eleitoral.
As lideranças da outra chapa e alguns de seus apoiadores fizeram de tudo para inviabilizar nossa chapa:

1) pressionaram um companheiro a se retirar de nossa chapa ameaçando destitui-lo de seu cargo na Fenapsi;
2) fizeram promessas e acordos de apoio a formação de novos regionais com o fim de retirar de nossa chapa um companheiro da Paraíba;
3) fizeram acordos no Congresso, abrindo mão de posições aprovadas no Congresso Regional de São Paulo, com o fim de facilitar a unidade de São Paulo-Rio-Paraná nas eleições; e,
4) abriram uma campanha de difamação de nossos companheiros e de nossas intenções.

Mas o problema não parou ai: com a entidade nas mãos, nossos adversários continuaram utilizando métodos de campanha dos quais discordamos:
1) a plataforma da chapa I foi modificada, depois da publicação de nossas propostas, tornando-se parecida com a nossa (os colegas jogam exatamente com a indiferenciação entre as chapas);
2) O CRP 05 (que diz estar apoiando a Chapa 1) publicou um jornal da entidade, onde sequer informou aos psicólogos do Rio que existiam duas chapas concorrendo;
3) em São Paulo, membros da Chapa 1 tiveram acesso às matérias que enviamos para o jornal do CRP-06, antes de sua publicação;
4) de posse desse material, esses colegas viabilizaram uma tentativa de descaracterização do apoio dado a nossa chapa por Madre Cristina;
5)ao que parece, houve um atraso o Jornal do CFP, por responsabilidade de membros da Chapa 1, impedindo o acesso da categoria à informação e ao debate necessário para a decisão do voto;
6) registraram apoios de psicólogos que não foram concedidos.

Parece evidente que a Chapa encabeçada por Odair Sass optou por utilizar os espaços institucionais que pertencem a todos os psicólogos para se construir, ao invés de privilegiar o debate franco e honesto das diferenças nas propostas das duas chapas.

Lamentamos ocupar a sua atenção com esse tipo de informação, mas diante dos graves problemas que ameaçam as nossas eleições não nos resta outra alternativa senão fazer o que achamos mais correto: garantir acesso às questões que estão em jogo e que dizem respeito a uma entidade que é do conjunto dos psicólogos.
Assim, nossa diferença básica é de MÉTODO na condução da entidade e do processo eleitoral.

Para nós democracia é coisa séria. Para nós democracia é princípio. Uma profissão como a nossa, onde a diversidade é característica básica, dado o número de grupos, teorias, correntes diferenciadas, precisa que suas entidades sejam geridas democraticamente, garantindo espaço para essa diversidade. Um grupo que se comporta de maneira oportunista não será capaz de conduzir os conflitos de interesses internos à profissão, não conseguirá construir a Unidade e a Identidade da profissão.

A Chapa 2, Um Conselho para Cuidar da Profissão, quer garantir a entidade como um espaço aberto ao diálogo, para que possamos “colocar tudo na mesa” para um debate corajoso das questões de nossa profissão. Isso é ponto de honra quando se pretende cuidar da profissão, pois cuidar da profissão não é trabalhar para mantê-la como está, mas é ousar expor nossos problemas e fragilidades, nossas ignorâncias e desconhecimentos para construir uma Psicologia que seja realmente importante e necessária para a sociedade brasileira.

O CFP é para nós, da Chapa 2, esse lugar de luta pela profissão; não é fim em si mesmo, é instrumento para fazer de nossa profissão, uma contribuição social indispensável. Queremos estar no CFP para trabalhar pela Psicologia a partir das deliberações dos Congressos Nacionais da Psicologia e poder:

• ousar construir demarcações relativas ao exercício profissional;
• avançar na reflexão sobre a ética profissional;
• constituir um espaço institucional próprio para a abordagem das questões da formação;
• constituir programas de educação continuada para a categoria;
• gerir competentemente a CFP;
• intervir em políticas públicas;
• romper o isolamento da Psicologia;
• desenvolver uma atenção especial para com as entidades sindicais dos psicólogos;
• participar em fóruns políticos na sociedade que partilhem dos interesses dos psicólogos e suas entidades;
• participar com outras entidades de profissionais das lutas da saúde, da educação, enfim as lutas pela melhoria das condições de vida e trabalho;
• trabalhar pela democratização das comunicações em nosso pais;
• fazer circular a Psicologia entre os psicólogos, possibilitando acesso à bibliografia atualizadas, à pesquisas, publicações estrangeiras e experiências de trabalho inovadoras, utilizando recursos da informática;
• fortalecer a organização conjunta de psicólogos dos países que compõem o MercosuL

Tudo isso só é possível se a categoria estiver conosco; se contarmos com o apoio e participação de psicólogos competentes nas diversas áreas e psicólogos interessados em ver crescer a Psicologia. Para isso também, buscaremos reconstruir a unidade de trabalho de todas as forças políticas de nossa categoria.

Esses são nossos compromissos. Essa é a forma que propomos para cuidar da profissão e você pode nos ajudar. VÁ ÀS URNAS NO DIA 28 DE NOVEMBRO e vote CHAPA 2. A partir de dezembro você está convidado para trabalhar junto conosco por UM CONSELHO PARA CUIDAR DA PROFISSÃO.