Relatório Síntese: VI Convenção Nacional do Movimento Cuidar da Profissão da Profissão – 24, 25 e 26 de Novembro 2023 – Remota

Nos dias 24, 25 e 26 de novembro de 2023 realizou-se, em espaço virtual da plataforma Zoom a VI convenção nacional do Movimento Cuidar da Profissão da Profissão. 43 delegadas e delegados estavam inscritos para esta participação, sendo eles e elas de 8 estados brasileiros (DF, MA, MG, MS, MT, RJ, SC e SP); 14 convidados e convidadas de estados que não puderam fazer suas convenções, mas indicaram representantes e estiveram presentes, de 6 estados (AM, PE, PI, RO, RR, PR e 1 CFP), além dos suplentes das delegadas (16) e convidados de estados que realizaram convenções, que também participaram das reuniões com direito a voz. No dia 24/11, 42 estiveram presentes; no 25 e 26/11, 70 estiveram presentes.

O evento teve início as 19 horas do dia 24/11 com a apreciação do Regimento Interno da VI Convenção, sendo este aprovado sem alterações. Em seguida, a convenção recebeu o psicólogo MARCIO FARIAS (prof. Dr. PUC-SP) que apresentou uma análise da conjuntura brasileira. Marcio destacou aspectos que tem marcado a conjuntura: a presença do fascismo, questões relacionadas ao mundo do trabalho (precarização, desrespeito a direitos) e o desalento da juventude dada a situação de desemprego e precarização, a presença da violência em nossos cotidianos e a violência dos agentes do Estado. Também indicou os avanços, destacando movimentos sociais: indígenas, mulheres negras, movimento negro em geral (considerado por ele como um dos principais agentes do debate contemporâneo). Indicou dificuldades para estes avanços como as contrarrevoluções preventivas que a direita cria, falta de uma agenda da esquerda brasileira que apoie e fortaleça as pautas e reúna os coletivos progressistas. Indicou ao final pontos para uma agenda, destacando as pautas defensivas comuns (SUS e ECA) e a necessidade da atenção para 2026. Preocupações finais: como oferecer à juventude possibilidades de sonho? Necessidade de oferecer respostas complexas para os problemas atuais; Cuidar da Profissão do avanço da direita no país. Seguiu-se um debate e a atividade foi finalizada com as informações para a participação no dia 25/11.

No dia 25/11 o trabalho da manhã se deu nos grupos que apresentaram, na parte da tarde, as sugestões de alteração e inclusões no documento base. No dia 26/11, pela manhã, finalizaram-se os debates e sugestões de alteração no mesmo documento base da convenção. O que segue é o documento em sua forma final, feitas e aprovadas as alterações.

Os trabalhos de Coordenação da Plenária Geral estiveram sob a responsabilidade de Rodrigo Toledo eleito pelo coletivo para esta tarefa.

A CONJUNTURA DO CUIDAR DA PROFISSÃO DA PROFISSÃO

Psicologia vem adquirindo importância e reconhecimento social no Brasil.

  • Temos um papel importante nesta trajetória: (Banco Social de serviços, CREPOP, Mostra de Práticas, resoluções importantes para a profissão, associação permanente aos Direitos Humanos e às Políticas Públicas, seminários de Políticas Públicas, iniciativas de deslocar o eixo da produção e circulação do conhecimento – CNN, BVS, ampliação das interlocuções – com o Estado, Governo, instituições, reunião e interlocução com várias entidades de Psicologia FENPB e ULAPSI e mais timidamente com países de língua portuguesa, projetos e campanhas para a Psicologia, Premiações a partir de temas importantes como racismo, desigualdade, manicômio judiciário, vistorias em instituições em conjunto com a OAB, publicação vídeos sobre Não é o que parece para divulgar a Psicologia em parceria com a TV Futura, e por aí vai).
  • Estas iniciativas estavam aliadas o tempo todo com a construção e crescimento do Cuidar da Profissão. Tínhamos a certeza de que era preciso um espaço de pensar um projeto para a Psicologia. Um projeto que quebrasse a hegemonia do projeto que aí estava; um projeto que desenhasse a Psicologia que queríamos. Portanto, nossas plataformas eleitorais e nossas ações nas entidades estavam respaldadas e apoiadas no desenvolvimento de um movimento que ia para as entidades e dali irradiava ações coerentes com a política desenhada pelo movimento.
  • O movimento nasceu sem qualquer organização. Fazíamos reuniões a cada espaço coletivo que se apresentava. Fazíamos reuniões depois de plenárias ou reuniões das entidades. Aos poucos fomos criando coordenações estaduais, coordenação nacional, convenções.
  • O projeto do Cuidar da Profissão é exitoso. Precisamos creditar a ele parte do avanço da Psicologia brasileira. Precisamos creditar a ele a organização deste avanço como projeto do compromisso social. Devemos mantê-lo vivo, pois ainda é a única organização de profissionais de Psicologia com um projeto para a profissão no país.

HOJE

Temos uma fragilidade visível, sentida no Cuidar da Profissão. Buscando compreender este momento:

  • Tivemos lideranças que não conseguiram entender a importância e a necessidade da organização do Cuidar da Profissão e não fizeram o esforço nesta direção. Nossos encontros depois de plenárias, nossos encontros em congressos e eventos, nossas arrecadações, a distribuição e o empenho para a realização das decisões da V Convenção e nada foi feito. Temos aí uma fragilidade de nossas lideranças e um certo descuido por parte dos membros do Cuidar da Profissão: nós.
  • Aqui entra a fragilidade produzida pelo período Bolsonaro, de extrema direita, que atingiu a democracia como princípio para a construção dos movimentos.
  • A pandemia nos tirou do eixo e, sem dúvida, em um primeiro momento, não tivemos força para nos organizar e dar conta dos desafios. Mas tudo se organizou (nossos trabalhos/ empregos, nossas atividades familiares, nossas compras de supermercado) e o Cuidar da Profissão não soube ou não pode aproveitar o “remoto” para se organizar.
  • Entra também a FRENTE. Quando nós, Cuidar da Profissão, propusemos pela primeira vez a Frente alguns de nós considerou que o Cuidar da Profissão deixava de ser necessário, diluindo-se na Frente. Podemos ser todas e todos FRENTE. Mas isto é uma incompreensão da Frente. Ela deveria ter sido uma reunião de movimentos (pequenos ou grandes, fortes ou frágeis) ou mesmo de pessoas que carregassem reconhecimento na categoria profissional e na sociedade e que, portanto, representassem o projeto do compromisso social. Queríamos a reunião das ideias progressistas para combater o bolsonarismo e o atraso que ele carregava e permitia e incentivava nas categorias profissionais. Mas não houve esta compreensão e o que se chamou de frente foi a reunião de pessoas numa chapa, como, a rigor, sempre se fez. Não se instalou a novidade. E nós, Cuidar da Profissão, que deveríamos nos preparar para qualificar a Frente não entendemos esta tarefa como necessária, fragilizando o próprio projeto do compromisso social.
  • O embate que se deu, na tentativa de melhorar (claro que do nosso ponto de vista) a compreensão do que seria uma frente, criou na FRENTE uma indisposição contra o único movimento organizado que ali estava: o Cuidar da Profissão.
  • Houve, internamente, no próprio Cuidar da Profissão, críticas aos modelos participativos, considerados autoritários, mas não houve a discussão necessária que foi levada para outros espaços onde se configurou como oposição.
  • Talvez, tenha sido a oportunidade que profissionais progressistas tenham encontrado de nos combater. Nós começamos a ser enfrentados por profissionais que tínhamos em grande conta, mas que nunca se uniram ao Cuidar da Profissão.
  • Necessário aqui um parêntese para dizer de uma hipótese que tínhamos há muito: O Cuidar da Profissão, ousado, cheio de ideias e projetos e carregando uma disposição enorme para a ação, lá nos anos 90 e início de 2000, retirou o holofote (na maioria das vezes sem intenção) de profissionais ou pesquisadores que tinham produzido excelentes ideias críticas para o campo ou tinham conquistado lugares (individuais) para o poder da interlocução em nome da Psicologia. Nós, com nosso espírito democrático, pusemos coletivos nestes lugares (exemplo a comissão de especialistas do MEC substituída pela ABEP; outro exemplo é a interlocução com América Latina) e isto incomodou o conjunto progressista da Psicologia. Alguns vieram para nós e disseram: eu estava esperando este momento de ter companheirinhas (os). Outros guardaram mágoas que estão aí e que puderam se realizar como embate, como crítica, como enfrentamento na FRENTE.
  • A Frente, em alguns espaços institucionais, tem se tornado um lugar de oposição ao Cuidar da Profissão. Não temos nos sentindo a vontade nas frentes. Temos tido que nos defender de críticas, temos tido que aceitar a interlocução com pessoas/profissionais que não representam ninguém e nem tem qualquer reconhecimento na profissão. São profissionais guiados por projetos pessoais que não afirmam a democracia como princípio. Temos tido preocupações sobre o alinhamento político das pessoas e movimentos que compõem a Frente. Talvez esta leitura aqui, neste momento, possa nos ajudar a compreender as crises internas das entidades: coletivo de pessoas sem projeto para a Psicologia e para a sociedade brasileira, sem afirmação do princípio básico da democracia e sem paixão pelos coletivos organizados.
  • Com o governo Lula, eleito em 2022, parece que não voltamos a buscar o fortalecimento da democracia. Os movimentos progressistas parecem ter sido capturados pela certeza ingênua de que as conquistas estão feitas e que já podemos descansar

E AS TAREFAS?

  • Resgate da democracia como princípio de funcionamento e atuação de nosso movimento e de nossas entidades. Nossa democracia está fragilizada e é preciso que a recuperemos como princípio e base de toda ação.
  • Retomada de nosso projeto para a Psicologia, incluindo novos campos, como o indicado pela convenção de SP, de defesa de um projeto solidário, para a sociedade brasileira, incentivado pela Psicologia.
  • Retomada de nosso projeto em seu compromisso com as demandas e urgências da sociedade brasileira. A desigualdade, a fome, a violência, a manipulação das subjetividades pela mídia e pelas ferramentas que utilizam a IA.
  • Pressionar as entidades (em especial aquelas nas quais fazemos parte como gestão) para desenvolvimento de ações que tenham a ver com este compromisso.
  • Resgatarmos no Cuidar da Profissão a iniciativa, a importância de sermos atores e autores, a partir de nossas entidades, no desenvolvimento de projetos societários. Falta-nos autoria. Temos sido repetidores do que já foi colocado. Não temos avançado em novas versões do que uma vez foi posto; não temos avançado para o novo. Tomamos bandeiras colocadas por movimentos sociais progressistas e repetimos; não temos sido capazes de fazer uma tradução a partir da Psicologia. Isto se dá com as questões LGBTQIA+, com a questão do racismo, do feminismo, da fome, da desigualdade ou da democracia… Não nos cabe como gestores de entidades de Psicologia trazer para seu interior o movimento e repeti-lo a partir daí. Ousar, criar, sermos protagonistas e autores é para isto que queremos nossas entidades. Temos quer utilizar nossas entidades para respondermos: O que a Psicologia tem com isto? Como se pode contribuir nesta luta a partir da Psicologia? Qual é a fala/ o texto que a Psicologia deve dizer?
  • Poderíamos nos perguntar, já que estamos entre nós: não seria o caso de encerrarmos o Cuidar da Profissão? Se avaliarmos que temos forças e espaços para que estas iniciativas sejam gestadas/ encubadas, aí poderemos ir para casa. Mas a pouca criatividade e produtividade de nossas entidades tem demonstrado que ainda é preciso termos movimentos que se organizam para atuar nelas, levando ousadia, criatividade e leitura da realidade bastante cuidadosa e acurada. Estaremos em convenção para buscar esta potência pois é ela que contribuirá para continuarmos um caminho de avanço na Psicologia brasileira, deixando de marcar passo. Nossas entidades ainda precisam de nós. De nós e de todos aqueles que se organizarem para debater, para avançar em um projeto progressista para a Psicologia brasileira. Nunca quisemos ser únicos. Sermos únicos e estarmos fragilizados, cercados por pessoas que cuidam de suas carreiras mais do que a Psicologia, é prejuízo para nossa ciência e Profissão, é prejuízo para nossa sociedade.
  • A VI Convenção deve possibilitar o avanço. Seguem indicações de atuação organizadas em quatro eixos de discussão:
  1. Natureza, compromissos e princípios do movimento;
  2. Método e programa de ação para o próximo período;
  3. Tarefas do movimento na disputa de rumos das entidades de Psicologia;
  4. Plano organizativo do movimento (Coordenação Nacional, Colegiado Nacional, Coordenações Estaduais).
  1. Natureza, compromissos e princípios do movimento
NumeraçãoTexto da proposta
1O Cuidar é um movimento político de defesa do projeto do compromisso social para a Psicologia brasileira, atuando prioritariamente junto e nas entidades da Psicologia.
2O Cuidar é movimento político que combate a desigualdade social em todas as suas formas de expressão em nossa sociedade.
3Nossa luta é anticapitalista-antirracista-antipatriarcal-contracolonial; contra o etarismo, anticapacitista, contra a LGBTQIA+fobia. Somos historicamente antiproibicionistas, antimanicomiais e pela soberania dos povos.
4A Psicologia deve melhorar permanentemente suas responsabilidades técnicas e éticas para dar respostas às demandas da sociedade e atuar para o fim da exploração e pela transformação das condições indignas de vida, estabelecendo consensos mínimos sobre a nossa ciência e profissão, regras e normas de funcionamento profissional, tendo em mente que eles sempre refletem uma provisoriedade, mas balizam as nossas expectativas e as da comunidade, sempre por meio de mecanismos participativos e abertos junto à sociedade e profissão (Com base em Documento Cuidar da Profissão, 2000).
5Devemos buscar o fortalecimento da institucionalidade nas entidades a partir de gestões democráticas, participativas, coletivas, criteriosas, rigorosas, transparentes e ética.
6As gestões financeiras devem ser marcadas pelo rigor e ética no uso do dinheiro da categoria e pela transparência e publicidade dos dados, permitindo pleno acesso à informação e controle social.
7Publicizar os compromissos e princípios do Movimento Cuidar da Profissão, aprimorando e atualizando a apresentação do projeto do Compromisso Social e da defesa dos Direitos Humanos, frente aos novos desafios e configurações da sociedade brasileira.
8Avaliar, em diferentes momentos, a necessidade de articulação do Cuidar da Profissão com outros Movimentos da Psicologia para a gestão das entidades, garantindo que a organização de Frentes Ampliadas, quando ocorrer, represente efetivamente a articulação de coletivos organizados da profissão e esteja alinhada aos princípios e métodos do Movimento Cuidar da Profissão, seja um coletivo em defesa do projeto do compromisso social, cabendo a ele a permanente avaliação do processo e da sua participação como Movimento na gestão e na composição da Frente.
9Orientar nossos projetos, planos estratégicos e decisões administrativas afirmando o compromisso social da Psicologia, focando na construção de processos sociais e políticos contracoloniais, como a sociabilidade dos povos indígenas e africanos, inclusive na identificação de novos campos de atuação baseados em construção de solidariedade.
10O Cuidar da Profissão deve intervir na profissão a partir das suas diferentes entidades organizativas, ocupando-se dos desafios relativos a diferentes campos, dentre os quais o campo da formação, o campo da profissão e o campo sindical, comprometendo-se com a construção coletiva de pautas e plataformas para as entidades desses vários campos.
  1. Método e programa de ação para o próximo período
NumeraçãoTexto da proposta
11A democracia deve ser entendida como condição necessária à saúde mental. O Cuidar da Profissão defende de forma intransigente a Democracia e a Vida em Sociedade, para tanto é preciso que o Cuidar da Profissão se apresente à comunidade da Psicologia com a defesa de formas de sociabilidade mais humanizadas, solidárias, afetuosas, permitindo uma existência mais digna e saudável para todos. Delas dependemos para travar as lutas contra a desigualdade social e suas diversas expressões.
12Fortalecer o diálogo com o Estado brasileiro em prol da defesa de direitos e de políticas públicas como SUS, SUAS, a socioeducação, o campo de ações em emergências e desastres, a Psicologia praticada nos órgãos e instituições de educação, nos Conselhos Tutelares, programas de atenção à violência contra mulheres, entre outras áreas que, majoritariamente, trabalham com populações mais pobres no país. O conjunto de ações deve ser publicizado junto à categoria pelas entidades.
13Fortalecer parcerias com movimentos sociais, entidades de outras profissões, como conselhos profissionais, associações que lutem pela defesa de direitos.
14Posicionar-se contra todas as formas de violação de direitos humanos e sociais, denunciando as implicações do neoliberalismo e apoiando projetos de sociedade que combatam a desigualdade e a injustiça social.
15Criar espaços formativos dentro do Cuidar da Profissão que possibilitem discussões e ações no sentido da Psicologia antirracista e de reconhecimento do pacto da branquitude, considerando que a Psicologia se propõe a pensar a atuação junto à população negra, indígena e povos tradicionais, levando em conta as intersecções de raça, gênero, classe e território.
16Priorizar as ações, debates e reflexões sobre as dimensões éticas considerando os impactos nocivos das tecnologias na privacidade, autonomia e dignidade humana e a ameaças aos processos sociais e políticos contracoloniais. É tarefa fundamental promover o acesso as tecnologias algorítmicas, pelo não agravamento das desigualdades existentes. Além disso é preciso garantir a transparência algorítmica IA, ML, DL (*) e protegendo a privacidade o sigilo profissional dos usuários, defendendo usos socialmente responsáveis baseados em regulação com foco na promoção da equidade de direitos a comunicação e informação.

(*) IA – Inteligência Artificial | ML -Machine Learning | DL – Deepthi Learning
17Promover o compromisso ético político do nosso Movimento, nossos colegas e da Psicologia com os esforços de preservação das condições da vida humana no planeta, o que implicará em: 1) advertir sobre a necessidade de cuidados com a produção de dejetos destacando-se os materiais altamente poluentes, como lixo eletrônico e plásticos; 2) provocar produção de pesquisa sobre a constituição das subjetividades no tocante a mudanças climáticas; 3) promover reflexão e debate sobre as consequências da atual organização da produção e descarte de bens de consumo; 4) desenvolver contribuições da Psicologia para o debate ambiental sobre degradação ambiental e possibilidades de reversão do quadro de ameaça à vida humana; 5) pressionar o governo brasileiro para atuar de forma mais enfática na defesa do meio ambiente no Brasil e no planeta; 6) promover e participar de iniciativas planetárias em defesa do meio ambiente.
18A Psicologia deve se posicionar frente a questões migratórias e de refugiados por conta de crises, guerras e conflitos internacionais, em defesa da paz. Fomentar conhecimento sobre as questões migratórias e populações refugiadas, para um posicionamento assertivo diante de situações de crise, guerra e conflitos internacionais.
  1. Tarefas do movimento na disputa de rumos das entidades de Psicologia
NumeraçãoTexto da proposta
19As entidades da Psicologia precisam ser mais corajosas e ousadas em se posicionar na sociedade em questões sociais e políticas urgentes que marcam o cenário brasileiro e internacional.
20Precisamos combater as Comunidades Terapêuticas pois não atuam em prol da condição de saúde das pessoas e violam seus direitos. As entidades de Psicologia devem atuar na direção do fechamento destas instituições, no impedimento do seu financiamento público, atuando, interinstitucionalmente, em articulação com Ministério Público, Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério da Justiça, dos Direitos Humanos e outros órgãos do Estado.
21Temos que continuar lutando contra as privatizações; combater o receituário econômico do neoliberalismo que impõe aos Estados políticas de austeridade fiscal e privatizações.
22Promover o compromisso ético político do nosso Movimento, nossos colegas e da Psicologia com a democratização dos meios de comunicação em todas as mídias, com providências como: participar de movimentos da sociedade com essa finalidade, como o FNDC; promover a criação de meios de comunicação eficientes com a comunidade da Psicologia brasileira, em colaboração com diferentes organizações da área, rumo ao estabelecimento de um Rede Psi de comunicação; estimular o apoio a iniciativas e manutenção de órgãos da mídia democrática; promover debates sobre o papel e modelos de organização da mídia; articular iniciativas de pressão sobre os meios de comunicação corporativos, em temas de interesses da Psicologia e da Democracia.
23
Organizar as Entidades da Psicologia no processo de reconhecimento da transformação da realidade material em códigos mensuráveis acarretando a ausência da subjetividade, adotando ações de transparência algorítmica e abertura de códigos fonte como princípio de ação do combate a manipulação de subjetividades no mundo codificado. Construir posicionamento crítico e incisivo em relação ao controle e regulamentação das plataformas, destacando o impacto no campo das subjetividades.
24Seria muito importante o Cuidar da Profissão ocupar mais os Sindicatos Psi. As condições de trabalho, na maioria dos espaços são muito precarizadas e a grande totalidade da categoria de trabalhadores psi não veem sentido na entidade sindical. Não se colocam como trabalhadores, não se incluem nessa classe social. Torna-se necessário contribuir em campanhas de sindicalização e de informação sobre o papel das entidades sindicais.
25Fazer crítica à lógica neoliberal de apropriação da Psicologia e do fazer psicológico, cujos dispositivos incidem sobre a qualidade da formação de psis, a disseminação de cursos indiscriminadamente, a ampliação da modalidade online, flex ou híbrida, sem estudos, debates e problematizações consistentes, dispositivos esses desprovidos de princípios para um exercício profissional com compromisso social.
26O Movimento Cuidar da Profissão deve estimular o debate em torno das teorias psicológicas aprendidas/divulgadas nos cursos de graduação favorecendo a inclusão de referências bibliográficas produzidas na Psicologia latino-americana e de pesquisadores pretos e indígenas.
27Retomada de projetos como os congressos Norte e Nordeste, a construção de um sucedâneo da Biblioteca Virtual de Psicologia -BVS-Psi, a realização da III Mostra Nacional de Práticas em Psicologia – Psicologia e compromisso social, dentre outros, que são projetos que fortalecem a Psicologia brasileira e combatem o pensamento colonizado entre nós.
  1. Plano organizativo do movimento
NumeraçãoTexto da proposta
28O Cuidar da Profissão voltará a participar da gestão enquanto Movimento e deverá para isso elencar formas de acompanhar a participação de seus representantes; criar mecanismos de comunicação e compartilhamento de compromissos sistematizados com o coletivo da gestão, para garantir atenção aos princípios e pautas do Cuidar da Profissão, assim como o vínculo político. Fazer isso resgatando e sistematizando os métodos adotados na construção do Cuidar da Profissão
29Fortalecimento do Movimento, mapeando pessoas do movimento e apoiadores e a partir destes ampliar as pessoas participantes; pensar em formas de militância para além das gestões das entidades (para que o Movimento agregue novas psicólogas ao mesmo tempo que tenha suas defesas e pautas reconhecidas como Cuidar da Profissão); o Movimento deve construir um texto que apresente os princípios e metodologias bem definidas.
30As chapas que concorrerão às entidades da Psicologia com a participação do movimento devem garantir para além da diversidade, a articulação das pautas da diversidade e da inclusão.
31Superar as divergências no espaço democrático se dá por meio de argumentação e convencimento, impedindo o risco de utilização de métodos de anulação e deslegitimação de companheiras/os que estejam em divergência nos enfrentamentos técnicos e políticos, tanto no âmbito do movimento quanto das organizações em que atua.
32Construir uma agenda de formação política, permanente, quando for o caso celebrativa, para seus membros, estudantes e simpatizantes que permita aproximação e defesa do projeto do compromisso social da Psicologia.
33Desenvolver um mecanismo de formação de quadros para a ocupação e exercício de representação nos cargos nas entidades da Psicologia brasileira.
34Reorganizar as coordenações nacional e estaduais de uma forma ágil, com incidência política e que não acumule tarefas demasiadas para as companheiras que já estão em gestões das entidades.

O evento foi finalizado no dia 26/11 às 13:30 com a eleição da nova COORDENAÇÃO NACIONAL DO MOVIMENTO. As indicações para as representações regionais foram feitas e aprovadas. As representações dos segmentos deverão ainda ser completadas.

REPRERSENTAÇÃO DO NORTE – Jacson (RO) e Gibson (AM)

REPRESENTAÇÃO DO NORDESTE – Danielle S. (PE) e Kleyciane (MA)

REPRESENTAÇÃO DO CENTRO-OESTE – Walkes (MS) e Thessa (DF)

REPRESENTAÇÃO DO SUDESTE – Sandra S. (SP) e Paula (MG)

REPRESENTAÇÃO DO SUL – Nanci (SC) e Fabricio (SC)

REPRESENTAÇÃO SEGMENTO PROFISSIONAL – Pedro Paulo e Gabriel (CFP) – a confirmar

REPRESENTAÇÃO SEGMENTO FORMAÇÃO – Pedro de Paula e Alexandre I. – ABEP

REPRESENTAÇÃO SEGMENTO SINDICAL – (Thessa fará a busca)

REPRESENTAÇÃO SEGMENTO CIENTÍFICO – (Alexandra fará a busca)

Este relatório foi de responsabilidade da Coordenação Nacional eleita na V Convenção e que encerrou seus trabalhos em 15 de dezembro de 2023.

Ana Bock, Pedro Paulo, Alexandre Iorio, Milton B. (Sudeste), Nanci (Sul), Jacson (Norte) e Walkes (Centro Oeste). Ajuda recebida de Rodrigo Toledo.