Documento proposta para debates nas convenções estaduais
Este documento possui duas partes: a primeira traz síntese das deliberações da V Convenção realizada em 2022. A segunda parte traz compilação das propostas apresentadas pelos eventos preparatórios realizados em vários estados como parte da VI Convenção.
PARTE I
Em fevereiro de 2022 realizamos a V Convenção do Cuidar. O relatório síntese das deliberações apresenta pontos aqui resumidos:
- Lutas gerais para orientação das ações das gestões de entidades onde o Cuidar tem participação:
- Combate à desigualdade social como referência inescapável;
- Posicionamento contra o fascismo e todas as suas formas de expressão;
- Defesa da vida e da democracia; defesa de direitos e políticas públicas
- Fortalecimento de laços e experiências solidárias, fortalecendo projeto civilizatório humanizador e o compromisso social da psicologia;
- Enfrentar o debate sobre comunicação e o poder da mídia, assim como do tema das tecnologias computacionais e das plataformas digitais que invadem, manipulam e se apropriam da subjetividade;
- Defesa da qualidade profissional e da formação direcionada para o compromisso social;
- Atenção a novas formas de expressão política que agreguem as psicólogas.
- Aprovamos também algumas orientações gerais, considerando o momento que vivíamos:
- Oferecer às entidades propostas que se relacionem à pandemia vivida no mundo e que possam contribuir com a retomada da vida. Estudos, construção de memorial pelos mortos no campo da psicologia, ações de elaboração coletiva do sofrimento, orientações para a retomada do cotidiano, estratégias de acolhimento e fortalecimento de vínculos.
- Garantir a manutenção de uma psicologia de resistência e comprometida com os direitos humanos
- Avançar no sentido da radicalização das pautas em defesa da democracia, do Estado de Direito, do SUS, SUAS, da reforma psiquiátrica. Defender projetos coerentes com os princípios da classe trabalhadora.
- Incentivas a participação da categoria nos meios de comunicação com intuito de difundir o projeto que defendemos
- Criar espaços para a conscientização popular sobre o que é psicologia, combatendo a visão patologizante e medicalizante.
- Deliberações referentes à profissão:
- Pensar a profissão articulada com a conjuntura;
- Defesa da diversidade comunitária e territorial de cuidados;
- Defesa intransigente da democracia, dos direitos humanos e da laicidade;
- Defesa da liberdade como perspectiva da profissão;
- Destacar o financiamento público, mobilização social e políticas pú8blicas;
- Defender o CREPOP, apoiando o combate ao desmonte das políticas públicas;
- Focar nos efeitos da pandemia;
- Produzir debates sobre a violência;
- Acompanhar o mundo legislativo;
- Enfrentar o desemprego e a precarização profissional na psicologia;
- Combater qualquer forma de opressão;
- Que as entidades de psicologia se articulem com movimentos e redes de solidariedade;
- Ampliar a presença da psicologia na sociedade
- Deliberações referentes à formação:
- Reconhecer a dimensão política da formação consubstanciada no projeto do compromisso social
- Introduzir na formação inicial os conhecimentos produzidos pelo CREPOP;
- Valorizar o diálogo entre graduação e pós-graduação;
- Destacar a ABEP como mediadora da formação com as entidades científicas;
- Defesa da formação presencial como princípio educativo inegociável;
- Expandir a atenção do CREPOP para os temas transversais, que transbordam dos limites das políticas públicas.
- Deliberações referentes a organização do Cuidar:
- Restabelecer a esfera pública de debate no espaço do Cuidar;
- Promover debate para ou sobre:
- para a deliberação sobre a natureza do movimento Cuidar da Profissão – movimento social com protagonismo ou movimento que produz subsídios e propostas de atuação para as entidades?
- a relação do movimento com as entidades de psicologia;
- o nível de autonomia dos coletivos regionais? Como caracterizar a autonomia colaborativa?
- o que significa democracia como método;
- de qual democracia estamos falando;
- o que entendemos como FRENTE e qual o papel do CUIDAR na FRENTE;
- o mote do Cuidar: Psicologia: por uma vida digna para todo mundo; compromisso social ; ou mescla das duas coisas;
- o antiproibicionismo, que reafirme a redução de danos e a lógica antimanicomial como proposta de cuidado nas políticas públicas;
- teses e práticas exclusivas da profissão, problematizando-as;
- rejeição do movimento à sociabilidade capitalista;
- Operacionalizar o resgate e a difusão de informações sobre a história do Cuidar;
- Resgatar princípios e métodos do Cuidar, com centralidade para o método democrático;
- Amadurecer a estratégia de decisão coletiva e sua divulgação;
- Apoiar a articulação das entidades no nível regional;
- Definir uma forma de articulação com o movimento estudantil;
- Processo de centralização de pautas como forma de apoio aos coletivos regionais;
- Composição da coordenação nacional do movimento, com coletivo de nove pessoas (5 representantes das regiões brasileiras, 1 representante de cada entidade nacional de cuja direção o Cuidar participa; e Ana Bock representando o grupo fundador do movimento).
A retomada das deliberações da V convenção deverá contribuir para a avaliação do movimento a ser apreciada e aprovada na VI Convenção Nacional. Permitindo também a indicação de deliberações realizadas (cabe avaliar), deliberações superadas e deliberações que ainda devem se manter em pauta para o movimento.
PARTE II
A seguir apresentamos propostas aprovadas em eventos preparatórios realizados em vários estados, que foram aqui compilados e organizados, sem alterações significativas. Estas propostas podem ser discutidas nas CONVENÇÕES ESTADUAIS. Entende-se que este conjunto de quarenta pontos é base para a discussão que deverá resultar em um documento da convenção estadual organizado a partir dos 4 pontos indicados como pauta pelos REGULAMENTO E REGIMENTO INTERNO DA VI CONVENÇÃO, a saber:
- Natureza, compromissos e princípios do movimento
- Método e programa de ação para próximo período
- Tarefas do movimento na disputa de rumos das entidades de Psicologia
- Plano organizativo do movimento (Coordenação Nacional, Colegiado, Coordenações Estaduais)
AVALIAÇÃO DO MOVIMENTO CUIDAR DA PROFISSÃO
PROPOSTAS | ORIGEM | |
1. | Vão que existe entre o movimento “Cuidar” e a categoria, considerando o aumento do número de profissionais inscritos no sistema conselhos de psicologia, nos últimos 10 anos. O aumento expressivo da categoria em números não representou aumento de nossa organização política como Cuidar. Como, onde e quando o movimento Cuidar vai falar com os psis? Principalmente com os jovens psis, ocupados e voltados para sua própria subsistência? | MG RJ |
2. | Estamos vivendo a segunda experiência de Frente Ampla nas últimas gestões plenárias do Conselho, justamente pela redução de forças de nosso movimento. Hoje, algumas questões aparecem e devem ser enfrentadas: – Dificuldade de reconhecer o que é e o que não é Cuidar dentro da gestão, como é o nome mais conhecido e o grupo mais organizado dentro da Frente, acaba recebendo críticas enquanto Cuidar e não enquanto Frente. Como sistematizar essa participação na Frente com uma representatividade? – Desafio de estar na Frente enquanto Cuidar da Profissão. Desafio de estar fazendo parte de um grupo mais amplo que tem pensamentos semelhantes, mas que podem se perder, dificuldade de defender princípios e pautas dentro de uma gestão mista. – Analisar o formato de Frente e o papel do Cuidar. – Questionar sobre o formato da Frente. Como o Cuidar tem sentido essa participação nas Frentes? O que seria das Frentes sem o Cuidar? | SP |
3. | Existem “articulações” e novas formas de organização da Psicologia, que surgiram fora do Cuidar, fruto da mudança do público de profissionais formado nas IES nas duas últimas décadas. Diferente do perfil hegemônico da categoria que sempre foi composta predominantemente de pessoas brancas, das classes mais altas e medias da sociedade, temos visto atualmente, por causa das políticas de ampliação do acesso ao ensino superior (via PROUNI e FIES) a ampliação de iniciativas de profissionais da Psicologia voltadas à garantia de direitos sociais. Como consequência, temos em relação composição social da categoria a inclusão de psicólogas LGBTQIAPN+, indígenas, PCD’s e o “empretecimento” crescente da categoria. Essa situação instaurou um desafio para as gestões. Quadros políticos constituintes das Frentes que foram forjados fora do Cuidar, são companheiras/es/os que trazem consigo a disposição para o trabalho acadêmico, mas testemunham o acúmulo das lutas antirracistas, antipatriarcais, anticapacitistas, e anti LGBTQIfobicas. Essas pessoas têm muito a contribuir com o movimento Cuidar da profissão e não o contrário. | MG |
4. | O que se tem a falar aos novos psis, esses que estão se formando e aflitos em busca de trabalho e recursos para seu sustento? A Psicologia conseguiu um protagonismo profissional como nunca teve anteriormente, por exemplo chefiando CAPS e outros setores e organismos. Esse, historicamente, foi sempre um posto ocupado pelos médicos. Preocupação com o que teríamos a propor amplamente, considerando a dificuldade que temos tido de nos mobilizarmos para reuniões, debates, conversas, inclusive em nosso próprio coletivo. Como conversar com os jovens psis, preocupados com sua própria sobrevivência, e implicá-los com nosso comprometimento com a Psicologia e com sua ação na sociedade? | RJ |
5. | Pensa que o Cuidar tem poucas manifestações sobre as práticas psi, parece que a maioria das pessoas que participam do grupo de WhatsApp Cuidar são professores. Pouco se fala do que está ocorrendo no SUS, no SUAS. O próprio Sistema Conselho parece ignorar as principais questões que afetam as práticas. | RJ |
6 | Enquanto cuidar somos, muitas vezes, erroneamente, acusados de aparelhar a psicologia a “ideologias” e também de partidarização da psicologia. como podemos enfrentar e rebater estas crenças? É necessário assumir um posicionamento político. Não existe intervenção sem atuação política. Cuidar do coletivo. Somos politizados. É preciso atuar voltado para a sociedade. E isso é ser a favor da democracia… enquanto psicólogo fazemos a ponte: a democracia é produtora de saúde mental. A democracia é condição de saúde mental. | MT |
7. | Os princípios do Cuidar da Profissão são diretrizes básicas daquilo que se espera das entidades da Psicologia a serviço da sociedade. A Psicologia deve estar melhorando permanentemente sua responsabilidade técnica e ética para dar respostas às demandas da sociedade. É preciso estar sempre atento ao fato de que temos uma profissão diversa e com isso construir formas democráticas de participação e diálogo. O dinheiro do Conselho é recurso público, por isso precisamos cuidá-lo com transparência e controle social. A nossa Psicologia só será realmente representativa a partir do momento em que ela estiver em todos os cantos do Brasil atendendo as mais diversas vulnerabilidades sociais e contribuindo para a transformação da sociedade. | MS |
8. | Capilaridade do Movimento – A partir de nossa região temos uma análise de que muitas pessoas ao longo dos anos de gestão do Cuidar, foram se aproximando do Movimento, nem sempre se colocando como sendo do Movimento e participando das reuniões e processos organizativos das chapas, mas sendo apoiadores e simpatizantes das pautas e princípios. | SP |
TEMAS E TAREFAS A SEREM ENFRENTADAS: GERAIS
9. | Depois de anos sombrios nós vivemos tempos em que a esperança volta a soar no país, diante disso precisamos refletir sobre o papel da Psicologia nesse contexto: – As entidades da Psicologia precisam ser mais ousadas em se posicionar na sociedade enfrentando assédio de órgãos de controle; – O fascismo ainda está vivo em nossa sociedade e a Psicologia não pode se calar diante desses agrupamentos; – Precisamos denunciar que as Comunidade Terapêuticas não são estabelecimentos de saúde e violam direitos; – Temos que continuar lutando contra as privatizações; – Seguir na luta pela democratização dos meios de comunicação e trabalhar para que as Psicólogas estejam mais presentes nos meios de comunicação. Voltar a investir no FNDC – Fórum Nacional de Democratização da Comunicação. | MS SP |
10. | Outro ponto abordado foi sobre a questão dos resíduos descartados na natureza e o adoecimento do planeta, pois o descarte inadequado de lixo eletrônico tem consequências graves para o meio ambiente e a saúde humana, prejudicando o meio ambiente, contaminando solos e água e causando danos à biodiversidade. Além de afetar a saúde humana, expondo as pessoas aos resíduos possivelmente tóxicos. Algo que a sociedade precisa atentar-se e se organizar para esse fenômeno. Ainda temos nas sociedades capitalistas, instituições governamentais ou não, promovendo políticas que restringem o acesso de certas populações a condições mínimas de sobrevivência, criando regiões onde a vida é precária e a morte é autorizada. | SC |
11. | a transformação da realidade material em códigos mensuráveis acarretando a ausência da subjetividade e como a(o) psicóloga(o) se insere nesse contexto e suas possibilidades atuação, pois temos a apropriação de dados pelas IAs sobre o fazer psicológico e fica a pergunta: Qual será a implicação disso? Devido a inteligência artificial ser dependente do ser humano. Uma das preocupações foram no sentido do fornecimento de dados pelo usuário à máquina (nuvem) e a construção e imposição de padrões, assim como os efeitos disso na subjetividade. Precisamos problematizar a relação entre os nossos sentidos perceptivos e as informações que as tecnologias e a IA nos fornece, o que é apresentado ao ser humanos é uma amostragem da realidade material que foram codificados por uma máquina. O debate deixou alguma pergunta, como esta: Devemos aprender a ver o mundo, pois o mundo é o que vemos; mas qual visão temos dele por meio dos dados? A ideia era da IA caber no nosso mundo, mas nós que precisamos caber no mundo da IA. Como se dá essa relação entre ser humano e IA? Quem está a serviço de quem? Pois se não podemos produzir grandes textos e publicar, pois não há espaço para isso nas redes sociais, devido à velocidade que foi apropriada a vida cotidiana, assim os sujeitos estão optando sem problematizar o motivo pela produção de textos curtos e superficiais. Neste contexto, outro ponto a ser problematizado diz respeito as legislações recentes e as que estão em desenvolvimento no parlamento, ainda estamos nos apropriando desses recursos e ferramentas, precisamos estar atentos aos movimentos e direcionamentos que se darão no mundo virtual e presencial. | SC |
12. | Relações raciais: Temos deixamos de lado a leitura materialista histórica dialética dos efeitos do movimento automático do Capital nesses tempos de neoliberalismo. O Movimento Cuidar da profissão tem diagnosticado os problemas, a partir de uma análise superficial dos sintomas, sem apontar para uma luta que tenha deixado evidente qual a origem estrutural do problema. Essa visão de que é possível regular o Capital, lutar a favor dos DH’s em uma democracia liberal, onde o próprio estado não é capaz de cumprir com sua função social, é a demonstração de que não estamos encarando a necessidade de nos declararmos anticapitalistas. – Precisamos ter no cuidar uma formulação de política que acuse nosso conhecimento do pacto da branquitude para propor e fazer cumprir políticas antirracistas. – Precisamos buscar entender se o que está acontecendo no sistema conselhos onde a questão do racismo causa rupturas e dissenções não são tentativas de silenciamento da acusação de racismo. A Plenária negra já trouxe encaminhamentos para inibir o racismo no Sistema Conselhos. Primeiro a instauração de uma Ouvidoria que possa acolher as denúncias vindas de todo o Brasil. A segunda a constituição de um Comitê permanente para acompanhar os processos e as denúncias, mas também para garantir a execução das ações afirmativas. Criação de um GT para atualizar o Código de Ética e o regimento interno dos CR’s Qual a contribuição do cuidar quanto a posição antirracista dentro da frente? | MG |
13. | Compromisso social da psicologia: Entende que o Cuidar da Profissão tem um projeto de sociedade, onde a Psicologia não está solta, mas sim implicada com a sociedade da qual participa. Quais as tarefas hoje? INTERFERIR, A PARTIR DE NOSSA ATUAÇÃO PROFISSIONAL OU DA DEMARCAÇÃO DA PSICOLOGIA BRASILEIRA, PARA A CONSTITUIÇÃO E FORTALECIMENTO DE NOVAS FORMAS DE SOCIABILIDADE. Marca nossa sociedade a presença de relações de hostilidade. Uma hostilidade que se generaliza e amplia e aprofunda o racismo, o sexismo, a intolerância. Há uma desvalorização do outro, há vínculos marcados pela violência e pelo desprezo ao outro. Há um incentivo à destruição das ideias e mesmo da presença física do outro. Nós da psicologia sabemos como esta realidade afasta as pessoas de uma condição saudável de existência. Alguns determinantes desta realidade: um luto coletivo não realizado; sentimentos de grandes perdas; o crescimento da miséria, da fome e da desigualdade social; as políticas governamentais dos últimos quatro anos que destruíram direitos, políticas sociais, formas de solidariedade. É preciso que o Cuidar da Profissão se apresente à comunidade da psicologia com a defesa intransigente de formas de sociabilidade mais humanizadas, solidárias, afetuosas, permitindo uma existência mais digna e saudável para todos. Delas dependemos para travar as lutas contra a desigualdade social e suas diversas expressões. A democracia tem sido uma bandeira por permitir valorizar o outro, nas suas ideias, expressões e formas de organização. Psicologia rima com democracia. O CAMPO DE EXPRESSÃO QUE QUEREMOS AGREGAR NO PROJETO DO COMPROMISSO SOCIAL É A DEFESA DE NOVAS FORMAS DE SOCIABILIDADE. É para isto que queremos voltar nossos esforços e nossas ações nas entidades da psicologia. Delimitar, caracterizar, produzir o pensamento e o discurso sobre estas novas formas. A PSICOLOGIA TEM UM PAPEL PARA UM AVANÇO SOCIAL EM NOSSO PAÍS. | SP |
TEMAS E TAREFAS A SEREM ENFRENTADAS: ESPECÍFICAS
14. | Atualmente uma das principais preocupações deve ser com a proliferação de cursos de graduação psi, a cada dia formando mais e mais psis, sem qualquer estudo ou debate sobre necessidades do país, sem qq estudo de necessidades, não se avalia a quantidade de cursos, locais onde são aberto. Há intensa rotatividade de coordenadores dos cursos. É urgente encarar a disseminação dos cursos, problematizar, pensar as graduações. | RJ |
15. | É necessário pensar os Sindicatos de Psicologia, e sua atuação junto à precarização dos empregos de muitos e muitos psi. Os sindicatos estão fragilizados e distantes dos psis. Os Sindicatos falam pouco com os cursos de graduação, estudantes ignoram a existência dos sindicatos, sua função social. Formados, não se sindicalizam. Incomoda esse distanciamento. Seria muito importante o Cuidar ocupar mais os Sindicatos Psi. As condições de trabalho, na maioria dos espaços são muito precarizadas e a grande totalidade da categoria de trabalhadores psi ignoram a entidade sindical. Não se colocam como trabalhadores, não se incluem nessa classe social. Seria importante os sindicatos psi se fazerem presentes nas formações, falar aos estudantes, divulgar sua função social, abrir-se para debates e conversas com os estudantes Os sindicatos de psicólogos são entidades centrais na formação dessa grande massa de psis, enquanto uma referência enquanto trabalhadores que se juntam à grande maioria da população onde muitas e complexas questões dizem respeito às suas relações com o trabalho. As práticas psi não estarão isentas das condições concretas de trabalho, onde são exercidas. Articulação da luta sindical por melhores condições de trabalho da categoria, principalmente da saúde pública. Disse que estamos em uma condição de grande desarticulação política. Precisamos articular as políticas de identidade com as pautas trabalhistas. O papel do Cuidar em apoio aos PLs das 30 horas para psicólogos/as (PL nacional e Estadual) O Cuidar deve, efetivamente, auxiliar o Psind com suas dificuldades, construindo apoio a uma campanha de sindicalização. É preciso dar foco na articulação sindical e trabalhista. | RJ RJ RJ MG MG MG MG MG |
16. | A possibilidade do CUIDAR ser um mecanismo de assistência e promoção de suporte aos psicólogos em situação de precariedade. | PI |
17. | É necessário que se pense nas implicações, para o país e para a população, do processo de formação em massa de psis, com as investidas pela formação online, “flex” ou híbrida, sem estudos sobre regiões, áreas de atuação enquanto demandas norteadoras e organizadoras das formações. Ser o país com o maior número de psis do planeta, terá seu custo, à exemplo, talvez, do processo que ocorreu com a formação em direito, há cerca de 40, 50 anos. | RJ |
18. | É preciso falar aos jovens psis, ampliando e afirmando o princípio formador que deve ser o Compromisso Social, bandeira valorosamente trazida à psicologia pelo Movimento Cuidar da Profissão. | RJ |
19. | É necessário o Cuidar da Profissão voltar-se para as práticas psis e como estão sendo exercidas junto à população | RJ |
20. | Preocupação com o levante dos evangélicos para que os membros das igrejas façam formação em Psicologia e Direito enquanto um lugar de poder, assim como grupos de psicólogas relacionados a religiões (cristãos, evangélicos, espíritas) e há uma preocupação com retrocesso da distorção da psicologia nesse sentido. | SP |
21. | Reafirmar a importância de uma psicologia laica, combatendo o uso religioso da Psicologia enquanto mecanismo de controle e incompatível com uma Psicologia pautada na ciência e nos princípios éticos. | SP |
22. | Movimento Pra Cuidar da Profissão deve tirar um tempo para debater aquilo que é sério cientificamente. Por uma psicologia latinoamericana e decolonial. | MG |
23. | Manifestação do desejo do Cuidar voltar a participar da gestão enquanto Movimento e não mais enquanto Frente, com base na avaliação de que o Cuidar é um Movimento histórico de importância e conquista para a Psicologia brasileira e perde esse destaque dentro da Frente, dividindo alguns ônus que talvez nem seja de sua escolha dentro da gestão. Caso a avaliação seja continuar na Frente, criar critérios elencar condições para avaliar essa participação; criar mecanismos de comunicação e sistematizar o acompanhamento de seus representantes dentro da gestão, para garantir princípios e pautas do Cuidar | SP |
24. | Fortalecer o Movimento no interior, mapeando pessoas do movimento e apoiadores e a partir destes ampliar as pessoas participantes; pensar em formas de militância para além das gestões das entidades (para que o Movimento agregue novas psicólogas ao mesmo tempo que tenha suas defesas e pautas reconhecidas enquanto Cuidar) | SP |
25. | Publicizar os compromissos e princípios do Movimento; pensar criativamente como nos reinventar dentro das mesmas e necessárias pautas (desafios do Compromisso Social e Defesa dos Direitos Humanos) | SP |
26. | A psicologia se inseriu no contexto das tecnologias e IA e as tecnologias estão mediando o trabalho da(o) psicóloga(o), assim como tecnologias e a IA estão sendo usadas para contribuir no fazer psicológico. Por exemplo, o desenvolvimento de Compendio dos construtos psicológicos para compreensão dos sintomas do sujeito. Uma constatação atual é de que o conhecimento psicológico está sendo apropriado pelas tecnologias a partir do uso de banco de dados, construção de algorítimos que classificam o sujeito e os fenômenos psicológicos. Relação entre o ser humano e a IA mediada pela plataforma digital traz novas questões ao fazer do profissional da psicologia. O debate trouxe a seguinte reflexão que nunca haverá uma inteligência artificial como a humana, porém o ser humano implantará a inteligência artificial em seu corpo. Embora essas tecnologias tenham o potencial de melhorar a qualidade de vida das pessoas, também levantam questões éticas e filosóficas importantes. É importante considerar os impactos dessas tecnologias na privacidade, autonomia e dignidade humana. Além disso, é fundamental garantir que essas tecnologias sejam acessíveis a todos e não agravem as desigualdades existentes. A dependência excessiva da IA pode levar à perda de empregos e à substituição de trabalhadores humanos por máquinas. Além disso, a IA pode ser tendenciosa ou perpetuar preconceitos existentes se os dados usados para treinar os modelos forem enviesados ou incompletos. É importante que os humanos estejam envolvidos no desenvolvimento e na implementação da IA para garantir que ela seja usada de maneira ética e responsável. Isso inclui garantir a transparência dos algoritmos de IA, proteger a privacidade dos usuários e garantir que a IA seja usada para beneficiar a sociedade como um todo. | SC |
27. | O atendimento online é uma modalidade que tem se tornado cada vez mais comum, especialmente na área da saúde. No caso do atendimento psicológico online, o sigilo profissional é um aspecto fundamental. O psicólogo que atua nessa modalidade é responsável pelo sigilo de todas as informações do paciente, bem como do que for dito em consulta. Portanto, é importante que a comunicação e a consulta sejam feitas de modo seguro que promova o referido sigilo profissional. Além disso, existem algumas orientações normatizadas pelo Sistema Conselhos de Psicologia para garantir o sigilo e a ética profissional no atendimento psicológico online. | SC |
28. | Curso de Psicologia online, porém a falta de regulamentação pelo MEC pode favorecer a implantação de curso de Psicologia 100% online, o que não poderia acontecer e que o posicionamento do sistema conselhos já discutiu em foruns regionais, estaduais, até o forum nacional, dentro da discussão da Base Nacional Comum Curricular, e tirou uma proposta de 20% EAD, no maximo, que ainda não foi regulamentada. | MG |
29. | Fazer crítica à formação neoliberal das psicólogas/os | MG |
QUESTÕES ORGANIZATIVAS PARA O CUIDAR DA PROFISSÃO
30. | O Movimento Cuidar tem visto ao longo dos últimos anos pessoas que faziam parte de seus quadros se afastarem, e algumas puderam dizer sobre a dificuldade orgânica do movimento, em prover apoio e suporte para militantes que tocam tarefas na linha de frente da organização de nossas entidades. A estrutura organizativa do movimento presentifica solidões e reproduz silenciamentos de gênero e de raça, dentro do próprio movimento. Incomoda o fato de pessoas que estão ocupando espaços em entidades e se autonomizam, se afastam do Cuidar, se desligam do cotidiano do movimento. A gestão toma muito tempo, mas é importante que se mantenha o vínculo com o movimento. Muitos psis ao ocuparem o lugar de conselheiros no Sistema Conselhos, ou como membros de direções em outras entidades, como representantes do Cuidar, se autonomizam, se descolam do Movimento, não assumem suas posições, debates, não afirmam o movimento em suas atuações. Não fazem um link entre suas atuações nas gestões dos espaços que estariam ocupando por serem do Cuidar da Profissão. É necessário pensar em algum dispositivo que sustente os vínculos, já que as pessoas ocupam postos e espaços em nome de uma força política, da qual se desvencilham assim que eleitas. É preciso estabelecer dispositivos que reforcem e sustentem os vínculos políticos de psis candidatos e ocupantes de cargos e representações, que alcançaram esses postos enquanto participantes do Movimento Cuidar da Profissão. O esvaziamento do coletivo precisa ser pensado com aprovação de estratégias de mobilização entre nós | MG RJ RJ RJ MT |
31. | Cuidar deve alterar sua linha de atuação e incidência, apoiando a criação de organizações, que cumpram com os princípios do Cuidar, pois é reconhecido a limitação de todo e qualquer movimento profissional para abarcar lutas populares para conquista e ampliação de direitos sociais. | MG |
32. | O eixo organizativo das chapas concorrentes à direção de entidades psi devem representar as forças políticas que atuem no campo psi e possam compor possíveis frentes, considerando e estimulando fortemente a presença de indígenas, deficientes, negros, lgbtqia+ e demais grupos que compõem nossa população. | RJ |
33. | Como os estudantes de psicologia podem ajudar no crescimento e fortalecimento do movimento CUIDAR. Os estudantes podem propiciar discussões no âmbito acadêmico e são o futuro da Psicologia. Necessidade de se debater mais com a classe estudantil e o debate com as entidades de base (Centros e Diretórios Acadêmicos, D.C.E’s etc), o uso de espaços políticos para fomentar debates com a classe estudantil, profissionais do futuro, sobre questões que as universidades não debatem. Disse sobre a dificuldade de organização política de recém graduados. Falou das dificuldades na formação. Disse que essa articulação entre profissionais e estudantes pode contribuir com o Movimento. | PI MG |
34. | O Cuidar é um movimento que organiza os profissionais para estarem e atuarem nas entidades. É um Movimento aberto e objetiva agir pela profissão através da gestão das entidades que representam a psicologia no país. Mas isto não parece ser consenso. Necessário discutir a natureza do Cuidar. | MT SP MT/SP |
35. | Defende um projeto de sociedade em que pauta o compromisso social da Psicologia, a luta intransigente por direitos humanos. O que mais podemos avançar no compromisso ético-político do compromisso social? | SP |
36. | Realizar atividades mais locais, respeitando as regionalidades e dar maior visibilidade dos protagonistas do movimento Cuidar da Profissão, principalmente daqueles que estão fora do eixo das capitais. | MG |
37. | Discutir a ortodoxia do Movimento Cuidar da Profissão | MG |
38. | Garantia de que os grupos gestores atuem com o compromisso de ser membro do Cuidar; | MG |
39. | A porta de entrada do Movimento deve ser as comissões. “É no um a um”. – A psicologia é de todas as abordagens. Cuidar não cabe em teorias. – Cativar novas gerações para o Movimento, | MG |
40. | (Este ponto veio em forma de Nota de Alerta, mas consideramos importante incluir nas questões que dizem respeito ao método do movimento Cuidar da Profissão) NOTA DE ALERTA À CONVENÇÃO NACIONAL DO CUIDAR: USO DE ACUSAÇÕES CALUNIOSAS DE RACISMO COMO FORMA DE DESLEGITIMAR COMPANHEIROS Entendemos que a superação de divergências no espaço democrático se dá por meio de argumentação e convencimento. Nesse sentido, evitar violência e truculência como modo de superação de divergências nos embates políticos é tarefa universal dentro do movimento e nos espaços em que ele intervém. Neste sentido é que vimos alertar sobre o risco de utilização de métodos de anulação e deslegitimação de companheiros que estejam em divergência nos enfrentamentos técnicos e políticos, tanto no âmbito do movimento quanto das organizações em que atua. Compreendemos que um modo de anulação que parece estar acontecendo é o uso de acusação indiscriminada de racismo a quem se oponha a algum encaminhamento ou perspectiva no âmbito do movimento e, inclusive, da autarquia. Mesmo o debate sobre a adoção de algum critério técnico/legal na atuação dos gestores desanda para acusações que, mesmo sem qualquer demonstração factual, passam a embasar decisões. As consequências desse procedimento de anulação semeiam maior insegurança, até mesmo no plano jurídico. Perdidas as garantias de reconhecimento democrático da legitimidade de algum ator, abrem-se as portas para providências injustas e até ilegais. Reconhecimento da legitimidade e dos direitos das pessoas consiste em um dos pilares do surgimento da profissão de psicólogas e psicólogos. Essa dimensão consiste, também, em dimensão fundamental na construção e prática do movimento Cuidar. Por isso é que compreendemos que o uso de acusações infundadas que visam anular e deslegitimar companheiros (como a acusação de racismo), além de banalizar uma luta fundamental da Psicologia e do Cuidar, seja algo inaceitável. Tais acusações são utilizadas como substituição do debate franco sobre as práticas efetivamente realizadas. Nosso alerta é para que o Cuidar se precaveja e não permita que esse tipo de procedimento intimidatório e excluidor se generalize. É preciso garantir que a beleza de um movimento que criou tantas novidades para a Psicologia brasileira não tenha sua história maculada por práticas que contradizem nosso movimento e nossa profissão. | SC |