Porque Votar no Cuidar nas Eleições 2010

Prezado(a) amigo(a),

Gostaria de convidá-lo(a) à reflexão sobre o processo eleitoral que está em curso no Sistema Conselhos de Psicologia, sobretudo no plano Federal.  Achei importante assumir um posicionamento  sendo meu objetivo compartilhar com você minhas reflexões nesse importante momento democrático da Psicologia nacional.

Como se sabe atualmente concorrendo ao Conselho Federal de Psicologia existem duas chapas a situação “Cuidar da Profissão” (21) http://www.cuidardaprofissao.org  e a  oposição “Fortalecer a Profissão”  (22) http://fortaleceraprofissao.com. Mas o que cada uma dessas chapas tem a oferecer?  Que estratégias estão usando para se aproximar dos eleitores?

Numa eleição quando um grupo tem uma história seria natural que sua campanha fosse lastreada nessa trajetória, de modo que ela justifique a razão pelas qual um eleitor deva hipotecar seu apoio a esse grupo. Por outro lado, todo movimento novo que não tem uma história grupal, naturalmente oferece as trajetórias individuais e as críticas para renovação do cenário. É exatamente isso que estamos assistindo nesse no momento eleitoral.

            Ao analisar esteticamente o site das chapas concorrentes (veja links acima) a comunicação visual da Fortalecer é mais atraente que a da Cuidar. É bom lembrar uma peleja eleitoral é também travada no campo do marketing e uma boa comunicação visual é importante para convencer o eleitor. Desta forma, visualmente falando a Fortalecer sai na frente da Cuidar.

 Mas, para além do marketing está o conteúdo. E o que se pode dizer quanto a este elemento fundamental para a consecução das propostas? Como afirmei, se compreendermos que uma das chapas,  a Cuidar (21), tem uma história anterior seria esperado que em seu site encontrássemos os fundamentos e as realizações dessa trajetória.  Se isso não acontecesse, haveria que se desconfiar desse grupo, pois ele certamente teria algo a esconder. Ao visitar o site da Cuidar (21) pode-se encontrar ali as importantes frentes de atuação daquele coletivo que, sem dúvida nenhuma, contribuiu para a ampliação da atuação da Psicologia, e dos psicólogos, no cenário nacional (e internacional) articulando num competente “Projeto de Compromisso Social”. Na Fortalecer (22) o que se observa são apenas as intenções e as críticas à concorrente além das trajetórias individuais das pessoas. Naturalmente, pois não há trajetória grupal anterior. Porém, quanto ao compromisso social ele está pautado nas críticas que geram as idéias para as futuras realizações. Certamente estamos frente a um grupo que quer uma oportunidade de mostrar que é diferente. O que é absolutamente compreensível.

Todavia, entendendo que a construção de um posicionamento sólido necessário para condução da Psicologia brasileira, sem que se perca os inúmeros avanços, leva tempo de reflexão e, visto que a atuação do grupo Fortalecer (22) ainda não teria sido possível, pois eles nunca assumiram enquanto grupo a gestão, seria esperado que se encontrasse no site da referida chapa sua trajetória de reflexão aquela que  teria levado o grupo à articulação. Entretanto isso não se pode encontrar no site da Fortalecer (22). Então me pergunto fora o descontentamento crítico que parece unir o grupo, quais são as bases reflexivas que deverão se consolidar numa proposição competente para a Psicologia brasileira? Elas parecem que não existiram antes do período eleitoral, por isso tudo que se vê são promessas. Se essa reflexão grupal existisse certamente teria sido comunicada de forma a demonstrar a competência reflexiva de um grupo verdadeiramente preocupado com os rumos da Psicologia brasileira. Portanto, ao que parece trata-se de um grupo que se articulou de maneira aparentemente abrupta para disputar uma eleição.  O que, volto a dizer é legítimo.

Neste cenário, entretanto, as críticas feitas ao Cuidar (21) parecem ser pouco significativas, uma vez que o próprio movimento é bastante autocrítico. Analisando-se o posicionamento ideológico básico da Fortalecer (22) este parece também encontrar ressonância nos fundamentos da Cuidar (21), uma vez que muitos de seus integrantes participaram deste movimento até pouco antes do período eleitoral, porém suas proposições distanciando-se desta última, sobretudo pela fragilidade dos argumentos e das propostas de mudança pouco embasadas. Portanto, no campo do conteúdo, da proposição concreta, é notório que há um destaque da Cuidar (21) que, no meu entender, se mostra muito mais fundamentada para atuar na gestão do CFP. Mas, talvez você possa achar que isso é uma estratégia de marketing uma pouco mais refinada talvez, por isso gostaria de convidar você a ler a Entrevista Debate entre as chapas promovida pela RedePsi cujo link é encontrado no site do Cuidar (21), mas que no site da Fortalecer (22), apesar do destaque na primeira página, que traz apenas somente o posicionamento daquele agrupamento.  Assim, creio que se você tiver tempo poderá analisar a profundidade das respostas apresentadas pelo Cuidar (21) frente à fragilidade pouco embasada e, portanto, superficial da Fortalecer (22) e, certamente irá concordar comigo. http://www.redepsi.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=5705&keywords=debate+entre+chapas+cRP

Bem, estou apoiando a Cuidar da Profissão (21) não apenas porque estarei envolvido com o grupo no CRP-SP (chapa 11), mas porque optei por essa adesão e manifestação, frente ao Compromisso Social, ao respeito à diversidade da Psicologia e às minorias epistemológicas que pude sentir nesse contato. Razão pela qual me associei ao grupo sendo este um fato absolutamente relevante. Não há apenas num discurso, este se encontra materializado em ações concretas que falam por si. Neste sentido, gostaria de destacar a aproximação realizada pela Psicologia com os Povos Indígenas um olhar absolutamente inédito em termos institucionais no Brasil. Além disso, merece destaque o diálogo aberto entre a Psicologia e as Técnicas de Saúde Complementar, como a Acupuntura, a Psicologia Antroposófica, a Transdisciplinaridade e a Psicologia Transpessoal. É claro que esse  abertura não necessariamente parte do Conselho, mas sim  da articulação e da manifestação dos profissionais que militam nessas, e outras, perspectivas epistemológicas, que encontram no posicionamento da Cuidar (21) o incentivo para sua organização. É preciso que se reconheça que a gestão do Cuidar (21), acolheu que foi capaz de ouvir ao chamado dessa diversidade para além do discurso, abrindo espaços para a reflexão e o diálogo de modo que todos pudessem batalhar por suas propostas.  Neste sentido merece destaque a capacidade de escuta, competência fundamental na Psicologia, demonstrada no tocante ao Ano da Psicoterapia. É preciso que se diga que fui bastante crítico para com os encaminhamentos assumidos neste processo. Redigi um longo documento denominado “Estudo Sobre o Ano da Psicoterapia” que encaminhei para a diretoria do CRP-SP, agora candidatas do Cuidar (21) ao CFP, e ( na chapa 11) ao CRP-SP. Isso para descontentamento de alguns que hoje estão na chapa de oposição. Esse documento que trouxe certo desconforto crítico fez com que eu fosse ouvido pela diretoria e circulou entre os conselheiros, além de ajudar no processo de reflexão e tomada de decisão da delegação de São Paulo. Vejam bem, isso é muito importante porque naquele momento eu era apenas um psicólogo que apresentava bem fundamentadas críticas que foram acolhidas e ouvidas. Isso não pode ser esquecido, pois faz parte de uma postura ética, de um respeito democrático, de um verdadeiro cuidado para com o futuro da profissão. Por isso penso que a Cuidar da Profissão ( 11 em São Paulo e 21 no Federal) merece meu voto e apoio, e espero  que possa merecer também o seu.

Com meu mais sincero respeito,

 

Luiz Eduardo Valiengo Berni

CRP-06 35863

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